João Alves da Silva ( 1932 – 2010 )
João Alves da Silva, sócio n.º 282 do CAL, fez parte da equipa do Centro Técnico de Aeromodelismo da MP, que funcionava na Rua Almeida Brandão, na então chamada Casa da Mocidade.
Uma das suas tarefas, como técnico, era a da escolha e teste dos materiais e ferramentas a fornecer aos 33 Centros de Aeromodelismo que funcionavam nas várias Escolas Secundárias do País.
Como era muito exigente nessa escolha o seu maior gozo era o de “arrombar” com todos os alicates que experimentava nas casas de ferragens que consultava. Ia munido de um pedaço de arame de aço para trem de aterragem, que utilizávamos na altura, arame esse que era importado da Alemanha e que era de um aço, de tal forma temperado, que poucos alicates entravam com ele. O arame é que “entrava” nos alicates!
Então, o João Silva chegava à loja e perguntava:Têm alicates corta-arame de boa qualidade? Quanto custam? Olhe que têm de ser muito bons e é para fazer uma encomenda de grande quantidade…
O empregado trazia os alicates que possuía e o João perguntava qual era o melhor.
Posso experimentar com este pedaço de arame? Olhe que ele é rijo!
Ó meu amigo, mais rijo que este alicate não é com certeza!
Então, com aquela sua grande manápula, agarrava o alicate e cortava com toda a força. Resultado: na maior parte das vezes, o empregado ficava de boca aberta a ver um arame sem a mínima mossa e o alicate com duas meias-luas, uma em cada lâmina de corte!
E lá ia o João Silva a outra loja de ferragens, fazer o mesmo até encontrar finalmente algum alicate que cortasse mesmo o arame.
E, assim, a rapaziada, de norte a sul, não se poderia queixar que seria pelas más ferramentas que os modelos não voavam…
E isso, à conta do João Silva!
por José Colarejo